Ignorância ou religião?

Silas Malafaia defende o que acredita com unhas e dentes. Segundo ele, seu trabalho é apenas condenar o pecado. Pecado esse que ele acredita ter sido definido na Bíblia. Ele refere-se à homossexualidade (não homossexualismo, pois esta nomenclatura deixa subentendido que se trata de uma doença) juntamente com prostituição e adultério. Afirma repetidamente que dois homens ou duas mulheres não têm capacidade para criar um ser humano “normal”, que uma criança necessita de uma figura paterna e outra materna para o seu desenvolvimento. Ao comentar que em sua Igreja existem fiéis que foram homossexuais (não concordo com isso de dizer que a pessoa foi gay, para mim é uma característica dela, algo que ela nunca vai deixar de ser) ele fez uso do termo “reorientado”, como se a homossexualidade fosse um distúrbio, um mau hábito que o indivíduo abandonou.

Onde está a ironia nisso tudo? No fato de ele pregar que Deus ama a todos como realmente são. Então por que Deus não aceitaria o fato de um ser, criado por Ele, ser homossexual? Capaz de amar alguém do mesmo gênero, querer constituir família com essa pessoa?

Eu acredito que a base de todas as religiões é a mesma: praticar o bem. Buscar ser uma pessoa melhor, sem prejudicar ninguém. Tudo bem que Silas e tantas outras pessoas são contra práticas homossexuais porque isso é da religião delas. O problema é o modo como o tema é abordado. Isso acaba influenciando negativamente pessoas que não têm uma boa formação acadêmica, que não possuem a mente aberta. Em outras palavras, isso as enche de preconceito.

O grande mal é a mania que muitas pessoas têm de ligar homossexualidade a safadeza, baixaria. Não é bem assim que a coisa funciona.

E quanto à Bíblia? Ela sim é muito mal interpretada. Não é algo que você lê e deve seguir fielmente, sem buscar a mensagem que Jesus passava através de suas parábolas, por exemplo. Sem falar que ao longo do tempo e das inúmeras traduções pelas quais ela passou, muita coisa se perdeu ou não foi expressa de forma clara.

Basicamente, eu penso o seguinte: o gênero da pessoa com quem você se relaciona não afeta o seu caráter. Não faz você melhor nem pior do que alguém. É algo seu, íntimo, pessoal. Não é preciso que alguém chegue e diga que é errado, ninguém pode julgar. Ninguém sabe o que você passou.

Na entrevista, eles abordam o tema durante o segundo bloco, num bate-boca que demonstra obviamente o quão Silas gosta de impor a sua opinião e crença.

3 comments

  • Porque o termo homossexualismo deixa subentendido doença? Acho que não pesquisou bastante sobre o tema antes de tratar alguns dos seus argumentos, não estou aqui para defender o pastor mas acho que você poderia ter defendido melhor alguns de seus argumentos no lugar de falar sem embasamento.

    Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Homossexualidade (todas as referências estão na página)

    • Richard, amigo de Pi.

      Seu comentário foi despropositado, por dois motivos:

      1) A nomenclatura em questão é apenas um detalhe (literalmente, um parêntese) que não influencia a ideia geral do texto. Ao evidenciar esse detalhe acima da ideia central, que tem mais a ver com moralidade e tolerância, você (propositalmente ou não) acaba desqualificando todo o artigo, com uma falácia argumentativa.

      2) Existe sim uma discussão em torno da dicotomia homossexualismo/homossexualidade, muito pertinente, e Clara não está inventando nada. Como diz este trecho do artigo que você linkou:

      Há uma visão que afirma que o problema não seria o termo homossexualidade, antes a palavra homossexualismo. Especialistas em literatura psiquiátrica concordam em posicionar o surgimento do termo homossexualidade no século XIX, por volta da década de 1860 ou 1870, criado pelo discurso médico para identificar o sujeito homossexual. Uma vez que o sufixo "ismo" é utilizado para referenciar posições filosóficas, ideológicas e/ou científicas, diversos psicólogos e outros afirmam que sua utilização é errônea e usada no passado como forma de associá-la a distúrbio mental ou doença. Em alguns léxicos, o homossexualismo aparece definido por prática de atos homossexuais, enquanto o termo homossexualidade é aplicado à atracção sentimental e sexual. Também por isso, muitas pessoas consideram que o termo homossexualismo tem um significado pejorativo, e isto tem levado a que o termo seja hoje em dia mais utilizado por pessoas que têm uma visão negativa da homossexualidade.

      Desde 1990, quando a Organização Mundial da Saúde excluiu a homossexualidade da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, tem havido uma grande disputa política em torno do sentido que as duas palavras apresentam, e é consenso entre muitos que "homossexualismo" seja descartado como carregado de um peso negativo e pejorativo, relacionado a doença, que é um sentido antiquado.

      Assim, embora o dicionário possa apresentá-las como sinônimos, seu uso cotidiano já tem há muito tempo uma divergência de significado muito bem apresentada por Clara.

      Sugiro que faça uma pesquisa para embasar melhor seus argumentos.

      Abraço.

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