Resposta a um comentário

Há alguns dias, publiquei um texto sobre casamentos de homossexuais. Analisei, na ocasião, o discurso do padre/deputado José Linhares, que alterou um projeto de lei que regulamenta a união estável, excluindo desta os homossexuais. O que moveu o padre Linhares a fazer isso foi uma visão católica e não uma noção democrática da questão.

Meu texto foi bastante comentado (um dos mais comentados até hoje na Teia). Tive o prazer de, inclusive, receber acréscimos de pessoas que nunca haviam comentado ou que só o haviam feito pouquíssimas vezes. Entre elas, o mais contundente foi AmBar Amarelo, que apresentou uma posição diferente da maioria (inclusive da minha) e suscitou reações de outros comentaristas.

Roy e Silo

Em resposta a Rodrigo, cujo comentário acrescentou pontos interessantes à discussão, eu disse que seria interessante receber um comentário do padre Linhares sobre meu texto. Mas, de certa forma, a resposta de AmBar (nickname de uma pessoa que conheço pessoalmente, é amigo do meu irmão; não vou identificá-lo para resguardar sua privacidade – esse é um assunto assaz polêmico) supriu essa falta.

Como os comentários foram muito grandes e formam um texto interessante por si mesmo, decidi responder à contribuição de AmBar na forma de uma entrada no blog. (Esse é o privilégio que aqueles que discordam de mim ganham… quanto mais discordância há, mais assunto há para escrever!)

Que fique bem claro que não quero atacar AmBar Amarelo em sua pessoa. Ele tem liberdade de pensar o que quiser, e seria uma grande incivilidade transformar o debate em ataques pessoais (embora pudesse aumentar a audiência do blog…). Portanto, durante o texto, quando me refiro a AmBar, estou tratando das ideias, explícitas (escritas conscientemente) e implícitas (subjacentes ao discurso) que encontro em seu discurso.

Analisando um discurso

Assim começa o comentário de AmBar Amarelo:

Mas a família é formada por homem, mulher e as vezes filhos… não?

Quando se refere a “a família”, AmBar está repetindo a mesma noção naturalizante expressa pelo discurso cristão do padre Linhares. Provavelmente, quando diz que “a família é formada por homem, mulher e as vezes filhos”, ele esteja querendo se referir à família ocidental cristã brasileira etc. Nesse caso, repito uma palavra que usei no texto original: modelo.

Homem, mulher e (às vezes) filhos é um modelo de família ideal, segundo os valores cristãos ocidentais que permeiam nossa cultura. Quero dizer com isso que não se trata da constituição da família na prática. Afinal, temos inúmeras configurações possíveis que são alternativas ou substitutos desse modelo.

Admito que possa haver outros tipos de união e que a lei deva assegurar os direitos dessas pessoas.

Embora afirme que os direitos dos homossexuais se casarem deve ser assegurado, para AmBar, essas alternativas e substitutos não poderiam ser considerados famílias. Porém, existe atualmente, nas sociedades democráticas, a ideia de que família é um conjunto de pessoas ligadas entre si por laços de afetividade e consanguinidade, independentemente dos papéis tradicionais de um certo modelo de família.

Além disso, na democracia contemporânea individualista, a atribuição de identidades valoriza as autoescolhas. Se um casal afirma que está compondo uma família e isso não implica em prejuízo para ninguém (a não ser os pré-juízos da discriminação), trata-se de uma escolha legítima.

Indo ainda mais fundo, percebemos no discurso de AmBar não uma simples questão de escolha da melhor terminologia (família, união et coetera et al.), mas a defesa do conceito tradicional de família como algo a ser preservado. Não sei se isso passou pela cabeça do autor do comentário, e não vou dizer que foi essa a intenção consciente dele. Mas essa defesa da família tradicional subjaz a forma ideal como pensamos nossa sociedade, e muitos de nós a reproduz sem se dar conta disso.

Acho que o problema principal em se admitir a união Homossexual como sendo um tipo de família está relacionada aos filhos: no caso à adoção.

sendo bem direto: se essas pessoas iriam abusar dos filhos ou se iriam convertê-los em homossexuais.

O desprezo aos homossexuais e à homossexualidade não consegue ser disfarçado, por mais que se tente aparentar respeito. Quando diz “se essas pessoas iriam abusar dos filhos”, ecoa um sério preconceito que pensa que há uma quase inevitável relação entre homossexualidade e pedofilia, ou uma crença, muito entranhada na visão normativa medieval, de que qualquer desvio específico da conduta padrão leva a todos os outros desvios.

Essa forma de pensar é tão difundida que seria muito fácil convencer muita gente, usando esses argumentos, a se oporem à adoção de crianças por homossexuais. Mas usar os preconceitos para justificar e legalizar os preconceitos é uma prática irracional muito comum nas decisões políticas.

As coisas pioram ainda mais quando se pergunta se os pais homossexuais, ao ter (adotarem ou, em alguns casos, conceberem também) filhos, “iriam convertê-los em homossexuais”. Essa é uma das preocupações do discurso cristão do padre Linhares, o medo de que a prática homossexual se espalhe. Ou seja, sem querer ou querendo, admite-se que a homossexualidade é um mal que precisa ser erradicado. Toda a conversa de “não sou contra” ou “respeitamos” contradiz com essa afirmação implícita.

uma decisão tão séria deve levar em conta dados estatísticos que mostram o perfil psíquico desse grupo humano.

provavelmente um mito, mas onde estão os estudos provando o contrário? (deve existir algo assim, mas não conheço [até porque nunca procurei])

Segundo essa lógica, deveriam ser feitos estudos para ver os riscos de uma criança adotada por pessoas que não gostam de futebol sofrerem abuso dos pais. Mas o próprio fato de sugerir uma pesquisa dessas já se baseia num preconceito, já se espera que os resultados apontem para um perigo.

Nunca foram feitos estudos estatísticos para saber os riscos de uma criança adotada por um casal heterossexual sofrer abusos. Mas conhecemos muitos casos de pais heterossexuais que violentam suas filhas.

Também não conheço em primeira mão nenhuma pesquisa sobre violência doméstica em famílias formadas por um casal homossexual e filhos adotados. Mas já vi várias referências a estudos que mostram que os filhos adotados, independentemente do sexo dos pais, são melhor tratados do que os filhos consanguíneos.

Além disso, já vi também referências a pesquisas que constatam que as crianças criadas por casais homossexuais tendem a ser normais, como qualquer criança, e até tendem a ser pessoas mais tolerantes do que a média.

O mito aqui é achar que homssexuais são “um grupo” homogêneo e tratá-los como um grupo de risco. Só o preconceito justifica a suposta necessidade de uma pesquisa que mostre a segurança de deixá-los adotar crianças. Esquece-se ou ignora-se que são pessoas normais com o desejo de ter filhos, comum a muita gente.

Há, é claro, uma preocupação realista, que é o preconceito que alguém pode sofrer por ter pais homossexuais. Aliado a isso, o sentimento de ser diferente, pois a maioria das crianças têm um pai e uma mãe. Porém, é preciso que a sociedade como um todo vá se acostumando com a ideia de que a família pode assumir várias formas, todas em si mesmas normais.

Há crianças cujos pais heterossexuais são separados e que sofrem por isso. Há crianças que não têm irmãos e que sofrem por isso. Há crianças que têm muitos irmãos e que sofrem por isso. Há crianças que são criadas em orfanatos e que sofrem por isso. Há crianças que são adotadas e que sofrem por isso. Não dá para evitar, a vida, como dizem os budistas, traz consigo várias formas de sofrimento. É preciso encará-lo.

O que seria mais relevante ao se considerar a adoção de uma criança por um certo casal? A refinada formação humanista deste e a possibilidade de um filho receber uma educação exemplar ou a escolha sexual dos aspirantes a pais ou mães?

É um tabu de nosso mundo, eu mesmo sou 75% contra homossexuais adotarem crianças por achar que essas devem crescer em um lar “padrão”. (absurdo não? mas esse conceito está impregnado em mim, não sei se quero gastar tanta energia para retira-lo).

Sendo ainda mais direto: Não sou contra os homossexuais, porém não gostaria de ter um filho assim.

Não é contra os homossexuais, mas não gostaria de ter um filho homossexual. Por que não gostaria, se não é contra eles? Aqui fica complicado afirmar alguma coisa sobre esse discurso contraditório, mas posso colocar algumas perguntas:

  1. Se você tiver um filho (ou filha), você quer que ele seja heterossexual (isto está implícito no comentário). Mas, imagine que você tem um filho e descobre que ele gosta de homens. O que você fará a partir daí? Vai rejeitá-lo, mesmo ele sendo seu filho e tendo muitos gostos parecidos com os seus? A escolha sexual dele, que implica só na satisfação pessoal dele, é tão importante assim?
  2. Será que sua preocupação é com sua descendência? Sua filha adotar uma criança e passar seu legado não seria suficiente? E se a preocupação é com o legado genético, não bastaria que sua filha fizesse inseminação artificial e criasse uma criança com sua hereditariedade biológica? É tão importante assim esse desejo animalesco de passar o DNA adiante?
  3. Será que você está preocupado com o preconceito que seu filho vai sofrer de outras pessoas? Será essa uma legítima preocupação altruísta? Ou será que esse receio não esconde um medo de passar por ridículo por ter um filho homossexual?

AmBar usou uma palavra horrível, que sozinha é inofensiva, mas na frase construída por ele assume um alto teor de discriminação: “assim”. Ele “não gostaria de ter um filho assim” (grifo meu). É quase como se dissesse: “não gostaria de ter um filho com esse comportamento desnaturado” ou “não gostaria de ter um filho com esse defeito”.

Mas é possível que se viva com um filho homossexual e só se descubra que ele o é quando este atinge a maturidade. Ou talvez ele mesmo se exclua devido ao preconceito do(s) pai(s). Aí se apresenta um dilema: ou você dá todo o apoio para que seu filho seja feliz como ele é e enfrentam os preconceitos (que trazem sofrimento); ou você rejeita a homossexualidade dele, fazendo com que ele reprima a única maneira de ser feliz no amor (o que o faz sofrer).

Acho que esse pensamento é o da maioria, então como estamos em uma democracia a coisa não foi tão absurda assim.

Muito bem colocado. Se nos ativermos ao sentido estrito da palavra democracia, que no grego significa “governo da maioria”, e considerando que a maioria da pessoas é contra o casamento homossexual, deveríamos concordar que a proibição é coerente.

Mas a democracia assumiu, desde o Iluminismo, conotações diferentes do sentido que tinha na Grécia antiga. Jean-Jacques Rousseau, por exemplo, já falava da diferença entre vontade da maioria e interesse comum. Nem sempre (quase nunca) a massa sabe julgar o que é melhor para a coletividade.

Além disso, a democracia contemporânea não existe sem a noção de liberdade individual. A cidadania democrática é a participação do indivíduo nas decisões coletivas e não deveria interferir na vida pessoal (a não ser que se trate de uma questão que implique a infração da liberdade de alguém ou de um grupo, o que não é o caso quando se trata da orientação sexual).

Mais absurdo é a igreja ser contra a pesquisa com células tronco, ou ser contra a distribuição de preservativos na África.

É, é um absurdo. 🙂

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17 comments

  • Se a questão será a discriminação que a criança vai sofrer, não dá para se perguntar se pais que gostam de futebol seriam apropriados para adoção. Invariavelmente, crianças seguem os gostos dos pais. O que dizer de um pai que torce para o flamengo levar seu filho para um jogo contra o fluminense, e na saída serem ambos apedrejados pela torcida rival? Na mídia, vemos muito mais (muito mais MESMO) atos de violência cometidos por rivalidade no futebol do que agressões a homossexuais.
    E o que dizer de um casal religioso? Religião gera rivalidade, antagonismos, violência, da mesma forma. Um casal muçulmano poderia adotar uma criança? Essa criança não iria sofrer preconceito com seus coleguinhas católicos? Talvez até apanhasse. O que o Linhares diria a esse respeito? Mais que em qualquer outro caso de seguir os padrões paternos, a criança segue a fé religiosa dos pais, não por escolha, mas por condicionamento. Pais religiosos deveriam ser proibidos de adotar? O que fazer com a liberdade de crença, mais imune a ataques do que qualquer outra liberdade? Ou será que aqui o Linhares incluiria os não cristãos na lista de exclusão de direitos de união estável?

    Achei muito perspicaz, Thiago, sua observação de que, para que se proponha um estudo sobre a possibilidade de pais homossexuais abusarem de filhos, há aí um conceito ANTERIOR de que pais homossexuais são perigosos. Mas, de onde se tira esse conceito? Já não é um erro assumir isso antes de qualquer evidência? Antes de qualquer caso? Por que não fazer um estudo sobre pais heterossexuais? Por que não fazer um estudo sobre pais pescadores? Sobre pais padeiros, flamenguistas? Sobre pais cegos? Sobre pais democratas? Comunistas? Etc.

    Bom texto, excelente resposta.

  • Eu não gosto de me meter em discussões desse tipo. Quando muita gente responde a comentários do tipo que AmBAr fez, ele mesmo tende a acreditar (eu acho, pelo que conheço dele) que essas pessoas fazem isso para parecer politicamente corretas, e que se comportam de maneira hipócrita.
    Mas apesar de ser um grande amigo, eu vejo que a posição dele foi ingênua. É um posicionamento preconceituoso, o que não é surpreendente (preconceito é muito comum, o mundo inteiro está repleto de preconceitos de todo tipo). Porém, não tão ingênua a ponto de isentá-lo da responsabilidade pelo seu preconceito. Ele mesmo diz que é contra homossexuais adotarem crianças, admite o preconceito, mas não quer gastar energia para “retirá-lo” (o preconceito). Sabe que é errado, mas não quer mudar. Persistir no erro. Esse, infelizmente, é o pior tipo de erro que existe, pois há aí uma intenção criminosa (saber que é errado mas fazê-lo assim mesmo), ou uma preguiça monstruosa.

    E de qualquer forma, não vi pesquisas (nem procurei, mas vou procurar) que mostrem estatísticas de que a maior parte da população não aceitaria adoção por casais homossexuais. O que há é a voz de muitas pessoas que são ativamente CONTRA. O que não quer dizer nada.

  • Rapaz acabei gerando confusão aqui, não foi minha intensão hehehehe

    Meu pensamento a esse respeito é contraditório sim.

    Por um lado sei que uma pessoa não deve ser julgada por sua escolha sexual e sim pelo seu caráter.

    Por outro a maioria dos homossexuais que eu vejo assumem uma postura do (vulgarmente falando) "porra-loka", aquele cara que gosta de chamar atenção, falar alto, se vestir de mulher, praticar orgias sexuais, arrumar confusão, enfim uma pessoa emocionalmente instável.

    Porém de uns anos para cá tenho visto também exemplos contrários a isso:
    Pessoas cuja a única diferença é sua escolha sexual (as vezes a forma de falar, mas isso não importa). no mais são pessoas que se comportam respeitando as outras, como qualquer pessoa comum, e com isso essas pessoas ganharam meu respeito e admiração.

    Então Thiago levantou a questão que eu acho mais importante no que quero falar:
    ["O mito aqui é achar que homossexuais são “um grupo” homogêneo"]

    Eu vejo que existem dois grupos distintos de homossexuais:

    1- O grupo dos psicologicamente estáveis.
    2- O grupo 'porra-loka' (desculpe usar esse termo mas ele é bastante descritivo mais do que uma frase completa).

    Ora, durante muito tempo esse segundo grupo foi considerado grupo de risco com relação a AIDS justamente por seu comportamento característico.

    O termo grupo de risco só deixou de ser usado não por que esse comportamento acabou, mas por que a AIDS se espalhou demais.

    Uma pessoa do 1º grupo adotar uma criança, eu não vejo perigo algum.
    Porém uma pessoa do 2º grupo eu acho muito perigoso.

    Agora, eu sou um leigo e essas são minhas observações 'irresponsáveis' feitas no dia-dia.

  • O Diego trouxe um ponto interessante à discussão com “Quando muita gente responde a comentários do tipo que AmBAr fez, ele mesmo tende a acreditar (eu acho, pelo que conheço dele) que essas pessoas fazem isso para parecer politicamente corretas, e que se comportam de maneira hipócrita.” Mas eu discordo da opinião do Diego pois eu realmente acho que no fundo acaba sendo parecido com isso. Eu mesmo posso me julgar hipócrita neste sentido.
    Digo isso porque quando vejo um homossexual eu reparo que ele é homossexual. Quando vejo um anão eu reparo que ele é um anão. Quando vejo alguém numa cadeira de rodas eu reparo neste detalhe. Ou alguém com uma queimadura no rosto ou com o cabelo colorido ou um mendigo.. ou .. ou…
    Entretanto quando vejo alguém com cabelos castanhos nao penso: “olha, ela tem cabelos castanhos”. Isso me escapa à percepção por ser “normal” a meus sentidos. Isso me leva a admitir meu preconceito pois assim estou julgando todo o resto como “nao-normal” (diferente de anormal).
    Chega a ser doloroso para alguém como eu, que luta incessantemente contra idéias pré concebidas, admitir isso. Mas admitir é minha forma de tentar acabar com isso pois vejo que ainda existe em mim a raiz destes pré-julgamentos. Acho excelente a oportunidade de debatermos tais assuntos pois trazer à tona estes pensamentos me da maior gana de conseguir expurgá-los.

    Outro ponto interessante é do comentário sobre “nao querer gastar tanta energia para mudar isso”. Certamente esta não é a forma de agir mais assertiva entretanto esta não é nossa forma padrão? quantas e quantas vezes não erramos sabendo que estamos o fazendo? Se não fosse assim não quase não haveriam arrependimentos. Para mim, a única diferença foi que ele assumiu este traço, com racionalidade e franqueza admiráveis.

    Não me entendam mal. minha opinião pessoal coincide com a do autor do blog, entretanto sou obrigado a admirar a coragem e principalmente a franqueza apresentadas pelo AmBar, mesmo discordando de seus argumentos. Ele me deu a oportunidade de pensar em que grau eu estou realmente liberto destes e de outros pré-julgamentos.

  • eu tenho amigos azuis… alguns não são.
    Mas todos gostam de chocolate… acho que nem todos.
    Mas os que não vão ao cinema, assistem a seus filmes
    em casa.
    E posso comer pipoca ou jogar ps2 com qualquer um deles.
    Deus salve as figuras de linguagem.

    meu comentário maduro… de verdade.

  • Muito bom ver que alguém se preocupa em por idéias contrárias na mesa sem perder a postura e a boa educação. Sou novo por aqui, digo que nem parece sessão de comentários de blog (!), ainda mais de um que se presta, com maestria, a lidar com temas naturalmente polêmicos e divergentes em opinião. Fico feliz e grato por encontrar um espaço assim!

    Agora, ressaltando brevemente o comentário de AmBar em resposta à resposta de seu comentário prévio (aff, que confusão…), imagino que a preocupação em evitar que um homossexual porra-loka, como classificaste o mesmo, adote uma criança, é tão desnecessária quanto se preocupar se um heterossexual porra-loka também adotaria uma. Pessoas que vivem de forma "desenfreada", independente de sua opção sexual, dificilmente pensam em constituir uma unidade familiar, seja ela na forma que for, não é mesmo?

    Inté!

  • Diego e @Tiago, uma coisa devemos reconhecer: AmBar foi corajoso ao expor de forma sincera o que pensa, e talvez, da minha parte, tenha ficado pouco claro que eu mesmo tenho preconceitos (mais brandos hoje do que antes, mas ainda tenho) e, como diria Marilena Chauí, não é uma simples casca que se tira com um bom detergente.

    E acho que a posição dele ao dizer que custaria muita energia mudar sua forma de pensar é mais madura do que a da pessoa que nem sequer reconhece a obsolescência de suas crenças. Mas notem que o comentário mais recente dele já mostra mais maturidade…

    @AmBAr, desde que a confusão se dê no plano das ideias e do debate intelectual, não tem problema. 🙂

    Acho que todos nós estávamos pensando "como esse AmBar é teimoso"… Mas dá para ver uma mudança na sua abordagem em relação ao primeiro comentário. Quando começamos a discutir mais sobre um determinado assunto, passamos a dar mais atenção a aspectos desse assunto que nos permitem ampliar nossa forma de enxergá-lo. Já passei muito por isso.

    A classificação que você fez dos homossexuais poderia ser expandida, pois não dá para resumir só a dois tipos. Existem pessoas que assumem uma identidade "porra-loka" e que costumam gerar confusão e correr riscos em grupo. Mas esse grupo também é heterogêneo e é formado por homossexuais, bissexuais, heterossexuais, pansexuais…

    Como disse @Joey, no caso dessas pessoas, não é sua opção sexual que determina um comportamento impróprio para a paternidade/maternidade. E mesmo que elas queiram adotar uma criança, há um processo de seleção que averigua o perfil psicológico dos candidatos a pais/mães, que vai fazer uma triagem que não considera (acho… ao menos espero) a opção sexual.

    Caríssimo @Marquês, como sempre, uma bela fábula sublimemente significativa. E quando encontrarmos uma espécie alienígena inteligente que é hermafrodita (como no filme Inimigo Meu) ou até trissexuada (ou mais!)? Teremos que conviver…

    Só mais uma coisa (por enquanto): também acho que quesitos como forma de vestir, de se portar e falar são opções individuais. Alguém que nasce XY e quer assumir uma identidade feminina tem liberdade para isso. Se uma pessoa se comporta de forma irresponsável, pondo em risco a saúde e a vida de outras (como os exemplos citados por AmBar, mas também como muitos machões heterossexuais que saem com muitas mulheres e não se preocupam com as DSTs), considero isso um crime.

    Uma coisa que muitas vezes ignoramos é que identidade sexual (homem, mulher…) não é a mesma coisa de comportamento sexual (gostar de homem, gostar de mulher…). Uma vez vi na televisão uma pessoa que nasceu com o sexo masculino, decidiu na adolescência que queria ser mulher, mudou de nome, passou a vestir roupas de mulher, procurou cirurgiões para mudar o corpo, tudo com o apoio de sua… namorada.

    Agora respondam: essa pessoa é homossexual ou heterossexual?

    Grande abraço a todos. 😉

  • Olá Tiago,
    Sou eu seu colega de trabalho aqui de BSB. Venho mais uma vez te parabenizar pelo Blog. Adordei retornar e ler seu texto.
    Interessante que você procura discutir com o autor do comentário contrário ao seu ponto de vista. Isto acaba por valorizar tanto o debate como a pessoa, que terá a oportunidade de se abrir a pontos de vistas ditintos. O assunto é polêmico e povoado de preconceitos e a realização de debates qualificados como este ajuda a enterrá-los.
    Abraços,
    Roberto Almeida

  • Já se nasce homossexual!
    Já está provado que, a origem da homossexualidade é biológica…
    Pois em 1991, uma pesquisa sobre homossexualidade e neurociência feita por Simon Le Vay, do Instituto Salk da Califórnia, EUA.
    O mesmo onde Torsten Wiesel e David Hibel verificaram que a região do cérebro envolvida na regulagem do comportamento sexual é comandada por um substrato biológico da orientação sexual.
    E que determinados impulsos sexuais, dos homossexuais são anatomicamente diferentes dos impulsos dos heterossexuais.
    Deixou claro que, já se nasce homossexual.
    Lê Vay comprovou que o NIHA-3 é grande em homens hetero e em mulheres homo, (ou seja, nos indivíduos que têm uma predisposição sexual para ter relações com mulheres) e pequeno nas mulheres heteros e homens homos (nos indivíduos com alguma orientação sexual para ter relações com homens).
    NIHA-3 significa, Núcleo Intersticial do Hipotálamo Anterior.
    E no caso em tela, o mesmo é denominado de “03”, porque também existe o NIHA 01,02 e 04. Que são as estruturas do hipotálamo que regulam a fome, a sede, as funções sexuais, a temperatura e certos hormônios.
    Lê Vay pesquisou o tecido cerebral de 41 indivíduos.
    E entre eles haviam 19 homens comprovadamente gays; 16 homens heterossexuais e 06 mulheres normais.
    A conclusão do Dr. Le Vay foi que "O NIHA-03 exibiu dimorfismo”.
    Ou seja, o aparecimento de duas formas diferentes, dentro de um mesmo grupo.
    Pois o NIHA-03 dos homossexuais era duas vezes mais volumoso do que o dos heteros.
    A descoberta de que entre os heterossexuais e os homossexuais, um núcleo difere em tamanho.
    E aparece de duas formas características.
    Indica que a orientação sexual dos homossexuais depende da biologia do individuo.
    Além dos genes de gêmeos idênticos, apresentarem uma possibilidade acima da média dos mesmos compartilhar a mesma orientação sexual.
    O homossexualismo independe da raça e da origem do individuo.
    Pois cerca de 5% da população é homossexual.
    A orientação sexual dos recém – nascidos adotados tem pouca relação com a dos seus pais adotivos.
    E mais de 90% dos recém-nascidos adotadas por casais gays são heterossexuais.
    Como nos gêmeos idênticos, a probabilidade deles compartilharem à mesma orientação homossexual é superior a 50%.
    Enquanto, nos pares aleatórios de indivíduos a média está abaixo de 8%.
    As evidencias indicam que a orientação sexual tem uma base genética.
    E demonstram que o caráter e as características individualizadas de uma pessoa não são enraizados pelo meio ambientes em que a mesma vive.
    Publicada por Lisandro Hubris em 07:49

  • Muita coisa me veio à mente lendo o comentário de Lisandro. Muita coisa a dizer principalmente quanto à pesquisa de Le Vay e cada fracasso dela quanto aos métodos de pesquisa apressados e generalizações precipitadas. Claro que discordo que a orientação sexual seja determinada biologicamente, como um acaso mórbido, ou que certa descoberta supostamente científica seja imediatamente aplicável a toda uma população mundial (quanta prepotência, não?). Mas sinceramente, não estou com cabeça pra isso.

    Inté!

  • Já se nasce homossexual!

    Além de em 2006, o Museu de História Natural de Oslo, na Noruega, ter apresentado a primeira exposição dedicada a "animais gays", que foi chamada de "Against Nature".
    Na exposição foram exibidos cerca de 500 exemplares de comportamentos homossexuais entre mamíferos, insetos e crustáceos. De um universo com mais de 1.500 relatos.

    E uma equipe de cientistas do Hospital Universitário Karolinska (Estocolmo), ter descoberto que os cérebros das lésbicas reagem a certos feromônios, de forma diferente do das demais mulheres…
    Pois quem gosta de mulher ter o NIHA-3 maior.

    Diversas pesquisas sobre homossexualidade e neurociência, inclusive uma pesquisa realizada em 1991, por Simon Le Vay, do Instituto Salk da Califórnia, EUA.
    O mesmo Instituto onde Torsten Wiesel e David Hibel, provaram que a região do cérebro envolvida na regulagem do comportamento sexual é comandada por um substrato biológico da orientação sexual.
    Provaram que determinados impulsos dos homossexuais são anatomicamente diferentes dos impulsos dos heterossexuais.
    Que a origem da homossexualidade é biológica.
    E que o NIHA-3 é grande em homens hetero e em mulheres homo.
    Ou seja, os indivíduos que têm uma predisposição sexual para ter relações com mulheres, têm um NIHA-3 cerca de 02 as 2,5 vezes maior.
    Enquanto as mulheres heteros e os homens homos, com orientação sexual para ter relações com homens, tem um NIHA-3 cerca de 50% menor.
    NIHA-3 significa, Núcleo Intersticial do Hipotálamo Anterior.
    No caso em tela, o NIHA-3 é denominado de “3”, porque também existe o NIHA 1, 2 e 4.
    Que são as estruturas do hipotálamo que regulam a fome, a sede, a temperatura e certos hormônios.
    Lê Vay pesquisou o tecido cerebral de 41 indivíduos.
    E entre eles haviam 19 homens comprovadamente gays; 16 homens heterossexuais e 06 mulheres normais.
    A conclusão do Dr. Le Vay foi que "O NIHA-3 exibiu dimorfismo”.
    Ou seja, o aparecimento de duas formas diferentes, dentro de um mesmo grupo.
    Pois o NIHA-3 dos homossexuais era duas vezes menos volumoso do que o dos heteros.
    A descoberta de que entre os heterossexuais e os homossexuais, um núcleo difere em tamanho.
    E aparece de duas formas características. Indica que a orientação sexual dos homossexuais depende da biologia do individuo.
    Além da homossexualidade independer da raça, da crença e da espécie a que o individuo pertence.
    Cerca de 5% da população tanto de animais com de humanos, são homossexuais.
    Os genes de gêmeos idênticos, apresentarem uma possibilidade acima da média de compartilharem a mesma orientação sexual.
    A orientação sexual dos recém – nascidos adotados ter pouca relação com a dos seus pais adotivos.
    E mais de 90% dos recém-nascidos adotadas por casais gays são heterossexuais.
    Nos gêmeos idênticos, a probabilidade deles compartilharem à mesma orientação homossexual é superior a 50%. Enquanto, nos pares aleatórios de indivíduos a média está abaixo de 8%.
    Pois as evidencias indicam que, tanto o caráter, como as características individualizadas e a orientação sexual, tem uma base genética.
    E quase não são enraizadas pelo meio ambientes em que o individuo vive.

  • @Lisandro, o fato de se ter demonstrado o comportamento homossexual em outros animais, fato conhecido há muito tempo, não é prova cabal de que o ser humano obedeça às mesmas regras.

    Os animais, aliás, não são escravos do instinto, como argumentam Maturana e Varela em A Árvore do Conhecimento. Pelo menos a maior parte dos animais sofre influências tanto ontogenéticas (provenientes das orientações do DNA) quanto filogenéticas (reações ao meio ambiente). Para esses biólogos argentinos, a diferença do ser humano é que nele predomina a filogênese sobre a ontogênese.

    Assim, mesmo assumindo que possa haver alguma predisposição biológica para um indivíduo ser homossexual ou heterossexual ou bissexual, seria limitada a visão de que só isso determina um comportamento.

    Ademais, a maior parte do seu comentário é "ctrl+c ctrl+v" do anterior. Você está simplesmente reiterando exatamente o que já disse, sem dialogar, o que me lembra a postura de praticantes de algumas religiões, que, em face de descobertas científicas que contradizem suas crenças, não se cansam de repetir, como se isso fosse contra-argumento suficiente, "está na Bíblia".

  • O vento será a “herança” dos místicos…
    Pois devido aos que tiveram coragem de se expor; fugiram da “prisão religiosa”; tentaram entender as Leis do Universo; aos iluminados; aos lúcidos, e aos que mesmo enfrentando preconceitos, grandes desafios, perseguições e milhares de barreiras, priorizaram o conhecimento e desenvolveram meios de levar a realidade ao povo.
    Finalmente vamos aceitar que a REALIDADE e a MUDANÇA são os verdadeiros “Poder Supremo”, e não algum Deus virtual ou alguma suposta Autoridade religiosa…

  • @Lisandro, felizmente você tem a liberdade de expor suas ideias aqui, pois não gosto de censurar ninguém.

    Seu último comentário é uma bela poesia em prosa.

    Talvez por falta de uma forma melhor de expressar o pensamento libertário, muitos textos ateístas (alguns dos meus inclusive, na época em que eu era mais ateu do que agnóstico) têm uma caráter formalista demais e um tanto salvacionista. Os ateus são representados como heróis libertadores que trarão a iluminação. A ênfase é mais nas pessoas do que nas ideias, e parece haver uma necessidade de ser reconhecidos pela sociedade, talvez ocupar o lugar dos sacerdotes. Mas penso que se poderia ir além e conceber uma realidade em que todo mundo e cada um é "sacerdote" de si mesmo.

    Uma das coisas que busco no pensamento libertário, o que inclui ideias ateístas e agnósticas, é a superação da necessidade de um Absoluto, de um Nome Sagrado, de uma Panaceia. Não é isso que vejo na conclusão de seu comentário:

    Finalmente vamos aceitar que a REALIDADE e a MUDANÇA são os verdadeiros “Poder Supremo”, e não algum Deus virtual ou alguma suposta Autoridade religiosa…

    É como substituir uma coisa por outra. Fazendo um paralelo com a Política: o que não deu certo nas revoluções da História humana, como as revoluções socialistas, é que o espaço do poder não foi abolido, só foi reocupado: a dominação continuou. Os porcos de A Revolução dos Bichos se tornaram humanos.

    Mas eu posso estar mal-interpretando…

  • Ao meu ver a homossexualidade nos animais irracionais aponta caminhos.

    Para mim, que não me aprofundei no assunto, sugere duas coisas:
    1. A homossexualidade animal é um recurso natural presevacionista.
    2. É a prova mais segura de que não se trata de acidente genético.

    Entender a priori, a homossexualidade como acidente genético, é assumir a interpretação de dogmas religiosos antes do conhecimento científico. O que em nada ajudaria a perenidade das verdades religiosas. Estas sempre estariam à beira do precipício das descobertas científicas.

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