The internet is for dummies

Os computadores pessoais (PCs, Macs etc.) representam um dos maiores avanços de nossa sociedade contemporânea. Com eles, somos capazes de processar informações de forma profissional, elaborando documentos de texto, planilhas para nossa auto-organização (inclusive com uma calculadora embutida), trabalhar com imagens, desenhos, gráficos e fotos, além de várias formas de entretenimento concentradas em um só aparelho: jogos, música, filmes e muito mais!

Além disso, a internet, indubitavelmente, trouxe o mundo para os indivíduos. Através de uma conexão eletro-magnética, é possível ter acesso rápido a informações advindas de todas as partes da Terra. Podemos aprender outros idiomas, saber das notícias de todos os países, conhecer pessoas de qualquer etnia e aprender qualquer assunto por um custo mínimo.

Mas os computadores e a internet não fazem milagres e não substituem a educação básica e a alfabetização, sejam formais ou não. Também não ensinam ninguém a ser civilizado. Poder-se-ia forjar um novo ditado: “Costumes da vida real vão à vida virtual”. Algumas práticas corriqueiras e estúpidas de quem usa computador e internet mostram que, por mais recursos que se tenham disponíveis para melhorar a vida, seu bom uso depende da sensibilidade pessoal e de uma disposição neofílica para o aprendizado.

Dito isso, listo 7 coisas que me irritam, sem ordem lógica:

1 – Arquivos com o nome “Relatório_novo.doc”

Quando criamos uma nova versão de um documento, o ideal é identificá-lo de forma a não confundi-lo com as versões anteriores. Isso pode ser feito salvando-o numa pasta nova que contenha no nome a data em que foi criada ou dando um novo nome ao próprio arquivo, com uma referência ao evento de que trata ou com a data em que foi feito: “Relatório 05-01-2010.doc” ou “Relatório Reunião de Planejamento 2010-1.doc”.

Quando, por estupidez ou falta de atenção (que às vezes são sinônimos), uma pessoa resolve nomear uma nova versão de um documento como “Relatório_novo.doc”, não se dá conta de que, cada vez que se fizer isso no futuro, haverá mais de um relatório novo (às vezes em várias pastas diferentes, já que não se pode criar mais de um arquivo com o mesmo nome dentro de uma mesma pasta), e se alguém não se der ao trabalho chato de buscar a data de criação dos documentos, não vai saber qual é a versão mais nova.

Quando criar um novo documento, especialmente se for algo compartilhado numa instituição ou empresa, pense nos outros: identifique os arquivos de modo inteligente.

2 – Frases no lugar dos nicknames

Quantas vezes você não viu alguém num bate-papo ou no Orkut usando um nome como “Feliz Natal!”, “Solteira sim, sozinha nunca”, “Alguém quer comprar uma placa-mãe?” e coisas do gênero, de modo que é preciso abrir uma janela de bate-papo ou o perfil para saber de quem se trata?

Essas pessoas se esquecem que tanto os serviços de bate-papo (MSN Messenger, Google Messenger etc.) quanto as redes sociais (Orkut, Facebook etc.) oferecem dois campos principais para identificação: o nome e o status. No primeiro, você coloca seu nome ou seu apelido: “Fulano de Tal”, “Garanhão do Forró”, “Morena Charmosa” etc. Mesmo com eses apelidos esdrúxulos seus amigos acabam se acostumando.

O segundo campo é onde você coloca as frases ridículas tais como as citações inventadas de Oscar Wilde ou baboseiras do tipo: “A esperança não é a única que morre”. Facilite a vida dos seus amigos ou daqueles que você chama de amigos.

3 – Fotos com a legenda “eu”

Há coisas que não são em si mesmas erradas, mas que, não sei quanto a vocês, me chateiam pelo egoísmo da atitude.

Por exemplo, uma pessoa cria um álbum de fotos no Orkut para publicar sua própria imagem. Tudo bem, eu fiz isso também. Aí ela nomeia cada uma dessa fotos com a legenda “eu”.

É claro que, normalmente, quando olhamos uma foto de uma pessoa no orkut, passamos antes pela página de seu perfil, e não precisamos de uma legenda com o nome dela para saber que é ela na foto: se está escrito “eu”, é claro que é ela (espero que não tenha ficado confuso…).

Mas há dois problemas possíveis: um é que as buscas através das imagens fica prejudicada; às vezes você quer descobrir se um amigo seu está no orkut, mas pelo perfil você não o reconhece. Pela foto, no entanto, dá para reconhecer, mas a foto está com a legenda “eu”. Portanto, a imagem não aparecerá na busca (e, se você buscar por “eu”, vai encontrar centenas de milhares de resultados).

Outro problema é um sintoma de falta de criatividade: as legandas das fotos são uma excelente oportunidade para se exercitar a imaginação ou o bom humor, oferecendo aos outros uma oportunidade de sorrir com uma imagem que acaba se tornando de domínio público, e se perde muito ao reduzir tudo ao ego do autor da foto.

Porém… isso é mais implicância minha. Podem nomear suas fotos como quiserem, caros “eus”.

eu
eu

4 – Blogs sem conteúdo próprio

Se você criar um blog, lembre-se de que esse nome é a abreviação de web log, ou seja “diário virtual” (numa tradução livre). É um espaço para você exercitar sua ccriatividade, deixando sua impressão do mundo ou de um dos aspectos do mundo, sua opinião sobre os acontecimentos ao seu redor, seus poemas, contos, novelas, resenhas, críticas…

Para mim, é uma bobagem fazer um blog só para postar textos que se encontram em outros blogs, imagens engraçadinhas que se encontram em outros blogs, vídeos maluquinhos que se encontram em outros blogs…

Se for para usar isso como pretexto para um comentário original, tudo bem. Mas simplesmente postar os textos roubados (muitas vezes sem indicar a fonte), as fotos surrupiadas (às vezes até com uma legenda embutida em que se lê o endereço do blog que a está veiculando, fazendo crer que seu autor é o dono do blog) e os vídeos encontrados por aí no YouTube é uma falta de imaginação gigantesca.

O pior, o pior mesmo, muito pior mesmo, é quando esses blogs idiotas têm um gigantesco público cativo que aumenta a cada dia (talvez aqui eu esteja sendo movido por um ressentimento  pessoal…).

5 – Colheita Feliz

Alguns jogos têm nomes tão idiotas que surpreende como podem fazer tanto sucesso. Minha curiosidade em saber mais sobre o jogo Colheita Feliz veio do fato de a maioria dos meus contatos do Orkut o estar jogando. Porém, quando via que “Fulano de Tal está jogando Colheita Feliz”, só conseguia imaginar uma pessoa com cara de idiota, sorrindo à toa, na frente do computador (por que será que o sorriso parece combinar tão pouco com a sabedoria?).

Não é dos meus jogos favoritos, por isso deixei que Inês cuidasse totalmente da minha fazenda virtual. É até um joguinho bacana… mas que nome idiota!

6 – “Citações” da própria autoria

Uma regra básica que a gente aprende nas aulas do ensino primário de Língua Portuguesa e/ou Redação é que as aspas servem para citar uma frase ou texto de autoria de outra pessoa. Portanto, se você escreve em seu perfil do Orkut um poema, um parágrafo ou um aforismo  de sua própria autoria, qualquer pessoa inteligente vai assumir que quem inventou esse poema, parágrafo ou aforismo é você, mesmo que você não o assine.

Mas algumas pessoas cometem a gafe de colocar aspas nos próprios textos e ainda indicar, entre parênteses, o autor, ou seja, elas mesmas. Às vezes isso dá a impressão de que se está fazendo autopromoção, como se fosse uma frase famosa e, vejam só!, você é o autor dessa frase! (Não lembro bem dessa frase, mas as aspas me dão a impressão de que se trata de um aforismo famoso do qual me lembro vagamente… hum…)

“Colocar aspas nos textos de sua própria autoria é tão desnecessário quanto deselegante” (Thiago Leite).

7 – Tempestade de  emoticons

Os emoticons são muitísismo úteis na comunicação por bate-papos, pelo fato de o texto escrito não transmitir emotividade, e sabemos que parte significativa (alguns dizem 70%) da mensagem que transmitimos na comunicação interpeessoal vem da entonação, dos movimentos faciais e dos gestos. Assim, num bate-papo em que predomina o texto, os emoticons ajudam a transmitir essa parte não-verbal daquilo que queremos dizer. 😉

Além disso, os emoticons proporcionam brincadeiras extras, com imagens animadas que colorem ainad mais a conversação. Mas há um limite para isso.

Esse limite aparece quando um usuário inadvertido do Windows Live Messenger e similares começa a colecionar emoticons desenfradamente e atribuir a eles atalhos como “rs” (para uma carinha rindo), “k” (para uma carinha gargalhando), “que” (para um bonequinho com uma interrogação na cabeça) e até bobagens esdruxulíssimas como “a” para um desenho estilizado da letra A, “b” idem etc.

Se essa pessoa quiser dizer perspectiva ou backup… pior, se ela escrever algo que tenha emoticons querepresentem sinais de pontuação, o dessastre está feito! O que deveria servir para facilitar a comunicação acaba atrapalhando ainda mais, pois você precisa parar para descobrir aqueletra corresponde cada figura que pisca desesperadamente diante de seus pobres olhos!

6 comments

  • Onde posso assinar esse post, é como se fosse meu. hehehehe

    1. Tem uma mania q o windows trouxe, nomes de arquivo extensos e com acentos.
    Olá querida amiga, como está.doc
    isso é ótimo para dar pau em algum momento da vida do seu computador.
    como tento orientar quem encontro, deixe os nomes menores, evite acentos e use underline _ no lugar dos espaços. é simples e evita dor de cabeça.

    2. Por sorte, o msn tem um recurso de vc mesmo nomear seus contatos, sobescrevendo suas mudanças constantes.
    uso em pelo menos 3 dos q tenho, sem chance de ficar tendo q descobrir quem é q está falando. =/

    3. Confesso q nunca reparei nesse. hehehe
    me soa meio idiota mesmo. rsrsrs

    4. Sem comentários.
    É feio, mais feio q bater em mãe copiar o texto de alguém e dizer q é seu.

    5. Sou moderador de uma comunidade grande do orkut (mais de 40 mil membros). Temos, por alto, 10 expulsões diárias por gente q caiu no conto das "moedas verdes" da colheita feliz.
    o usuário tem q copiar um código (malicioso) em sua barra do navegador, para ganhar quantas moedas verdes quiser. hehehe
    triste mas verdade, tem gente gananciosa até em joguinhos de internet.

    6. Isso cai um pouco no desconhecimento geral do povo com a menor parte da gramática portuguesa.
    nego escreve qq coisa de qq jeito.

    7. Putz, odeio conversar com gente q usa isso.
    Antes, eu usava alguns p expressar emoçoes "feliz, surpreso, preocupado…"
    mas até desisti depois de ver essas coisas. hj uso só o bom e velho emoticone.
    =P
    hehehe o/

    Adiciono (na cara de pau) outras coisas em sua lista:

    8. Assassinatos do Português e miguxes.
    Tudo bem, pode falar "bunitinhox" de vez em qdo, qdo conversa com seus amigos no msn, mas fAlArrrR A$$im n0 orkuT 0u FoRum não dá.
    o texto é um meio de comunicação, se vc escreve de forma q exigem esforço do leitor, vc não será lido. simples assim.
    Tb tem o tal do "comofas" q doi no rim.

    9. Pseudo-poedia na internet tb me irrita.
    Tudo qto é perfil de orkut tem lá sua longa poesia e vários blogs de meninos de 18 anos se consideram escritores poetas por juntar palavras polissilábicas e 'profundas' numa sequência sem sentido.

    Tô ficando velho p isso.
    >.<
    ¬¬

  • E quando o costume virtual vem à vida real?
    Tenho um amigo que, numa prova de colégio, certa vez, quase escreve "vc" no lugar de "você", e por esse motivo decidiu passar uns meses longe dos MSNs e ICQs da vida.

  • lembrei de outra coisa q tem me irritado, hipe de "memes" ou sei lá o nome melhor p isso.

    por exemplo, depois do twitter, vejo muita gente em blogs e em orkut citar o nome de outra pessoa com o @ antes.
    "esse blog do @thiago é muito bom"

    eu acho paia.
    DENTRO do twitter isso funciona, pq ele tem ferramenta p isso. fora dele, modismo desnecessário.

    (aliás, acho q estou cometendo uma gafe, pois o próprio Thiago usa @ aqui nos comentários da Teia.) rsrsrs
    mas a vida é assim mesmo.

    o uso do # no twitter tb já está descambando.
    qdo precisei usar por um motivo real, virou uma referência a algo q não existe, qdo eu escrevi "#1" querendo dizer "número 1" mesmo.
    =

  • @Mr. T, (1) eu até gosto dos espaços em nomes de arquivos, mas realmente é bom evitar acentos quando for um arquivo para ser distribuído.

    (2) Ah, ainda bem que você me deu essa dica! Acabei de usar isso numa amiga que entrou com "Estou em Recife agora". Muitíssimo útil.

    (5) "[T]em gente gananciosa até em joguinhos de internet". Tem até gente que paga para ter mais recursos nesses jogos! E tem jogos por aí (MMORPGs da vida) em que a pessoa usa dinheiro de verdade para trocar itens! Enganar um otário desses com promessas fáceis (e com vírus e spywares de bônus) é relativamente moleza.

    (8) Eu gosto muito de brincar com a língua escrita, mas para fazer isso é preciso conhecer a língua escrita! "Para quebrar uma regra, é preciso conhecê-la" (Robin Williams [não o ator, mas uma autora que escreve sobre design]). Pintores que subverteram as formas tradicionais, como Picasso, primeiro aprenderam a representar com perfeição a realidade.

    A primeira vez que vi o uso de caracteres diferentes para escrever uma coisa simples, até achei criativo. Mas quando vi que o uso se generalizou, dando dor de cabeça na hora de tentar traduzir aquela poluição textual, comecei a perceber que uma pessoa que escreve assim se esquece que devemos procurar facilitar e não dificultar a comunicação quando queremos ser entendidos.

    (9) Pseudopoesia é dose. Até parece que poesia é sinônimo de rima e de palavra difícil. Basta pegar um gênio como Patativa do Assaré para averiguar isso. Mas é sinal de adolescência, a doença dos teens, (quase sempre) passa…

    Sobre a arroba para citar alguém, passei a usar nos comentários da Teia devido ao recurso de reply deste tema que instalei. Como ele cria um link para o comentário referido (da mesma forma que no Twitter), mantive a ideia, pois a arroba já indica, para quem conhece essa linguagem twittesca, um link para a pessoa citada. Mas concordo que extrapolar o uso disso é ridículo.

    E por falar em extrapolar, o exemplo citado por @Diego é muito comum. Tanto que as escolas estão tomando muito cuidado com as redações dos alunos.

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