O que faz do nerd um nerd? – parte 1
Quando criança, eu me destacava intelectualmente na escola. Meus familiares, desde muito cedo, me incentivaram a ler, dando-me livros de literatura infantil. Na adolescência, desenvolveram-se o gosto pela leitura e pela escrita. Comecei a me interessar por cinema e literatura de terror, Poe, Lovecraft… Elegi o heavy metal e derivados, estilos pouco apreciados pela maioria das pessoas com que convivo, como trilha sonora do meu quarto.
A convivência com certas amizades manteve acesa a lembrança e o gosto por desenhos animados e seriados de super-heróis japoneses. Comecei a jogar RPG com um pessoal, chegando a esboçar a criação de vários sistemas e cenários. Conheci Tolkien e Marion Zimmer Bradley, além de alguns quadrinhos. Certo dia, com o dinheiro de uma bolsa de estudos da Universidade, comprei em VHS a trilogia original de Guerra nas Estrelas. Até então, eu nem sabia bem o que era um “nerd”.
Seria uma questão de tempo até que eu viesse, inadvertidamente, a encontrar o termo nerd como denominação de um conjunto de gostos pessoais e hobbies com os quais eu me identificava. Antes disso, nerd era para mim uma palavra que me remetia a uns filmes de comédia norte-americanos (A Vingança dos Nerds e continuações). Eu tinha certeza de que nerd não era mais do que o equivalente ao nosso “CDF”, ou seja, alguém que estuda muito e/ou é inteligente e /ou se destaca em alguma atividade intelectual.
Compreendi depois que nerd, no contexto das referidas comédias, era uma identidade presente na taxonomia escolar das high schools norte-americanas, em que há os populares (grosso modo e generalizadamente, esportistas, líderes de torcida, ricaços e bonitonas) e os impopulares (traças de livros, esquisitos, feiosos, antissociais… nerds…). Isso se diferencia sobremaneira do CDF brasileiro, que é simplesmente aquele que estuda muito, sem necessariamente ser brilhante, e pode até ser popular.
De modo que se desenvolveu uma certa imagem relacionada ao termo nerd que tem a ver com algum grau de interesse intelectual por um ou mais assuntos não-dominados pela maioria das pessoas (como Ciência, Literatura, Quadrinhos, Cinema; ou até um domínio sobre uma área específica de um desses campos, como a Física, a Ficção Científica, os mangás, a obra de Akira Kurosawa). Às vezes o nerd tem um gosto por coisas consideradas exóticas, como estilos de música pouco conhecidos em seu meio de convívio (cânticos indianos, J-Rock (rock japonês)… há quem colecione trilhas sonoras de filmes), Ufologia ou idiomas pouco conhecidos (Esperanto, toki pona, Élfico, Klingon).
Muitas vezes são pessoas tímidas e pouco sociáveis, ou pessoas com estigmas ou deficiências físicos, que encontraram na erudição uma forma de compensar a falta de atividades sociais. Mas não necessariamente, já que um outro aspecto da “nerdice” é a socialização de uma certa cultura (material e imaterial) nerd, que envolve o compartilhamento de livros, revistas em quadrinhos, filmes (DVDs), video games; ou partidas de RPG, festas à fantasia de personagens (cosplay), convenções de ficção científica.
Também é comum associar o conceito de nerd à tecnofilia, seja trabalhando com informática (em suporte técnico, desenvolvimento de softwares e hardwares – Bill Gates é um famoso nerd) ou se atualizando constantemente a respeito de novidades tecnológicas, aproveitando o que há de mais atual e útil (ou não) no mercado de gadgets, como computadores e acessórios, celulares e smartphones, câmeras digitais ou eletrodomésticos futuristas. Às vezes o termo geek é usado para designar os nerds tecnófilos.
Dentro de uma miríade tão grande de possíveis interesses, podemos imaginar dois nerds muito diferentes um do outro: um é técnico de informática (o que, para ele, já o torna nerd), coleciona tudo o que encontra sobre Star Wars (DVDs, livros, quadrinhos, video games, bonecos) e é fanático por video games. O outro é cientista social, coleciona tudo sobre Star Trek (Jornada nas Estrelas) e joga RPG com os amigos. Não há nenhum interesse em comum entre os dois; então, o que os identifica como nerds? O que os torna nerds a ambos, já que eles dificilmente vão conseguir dialogar sobre o que faz de cada um um nerd? O que faz do nerd um nerd? O que faz do geek um geek?
Uma tribo urbana (mais ou menos) dividida em clãs
Para algumas pessoas, nerd é alguém que se aprofunda de modo sistemático no estudo de algum assunto, tema ou área do conhecimento humano. Diz-se também que o nerd se destaca excepcionalmente em alguma área do conhecimento mas usa isso de forma infantil e para fins inúteis (para, por exemplo, simplesmente ser reconhecido como nerd). Nessa linha, há quem considere que os nerds são crianças crescidas, que mantêm, na idade adulta, gostos e hobbies da infância.
(Há inclusive a ideia de que os nerds são não só “crianças grandes”, mas “garotos grandes”, ou seja, meninos que, quando se tornam homens, mantêm gostos da própria infância ou hábitos considerados infantis adquiridos posteriormente. Há geralmente uma diferenciação que marca um suposto amadurecimento: criança x nerd, quadrinhos x graphic novels, bonecos x figuras de ação/miniaturas, faz-de-conta x RPG… Essa relação entre a identidade nerd e o sexo masculino se faz notar na quantidade esmagadoramente maior de meninos/homens nerds do que a de meninas/mulheres. Tanto que “garota nerd“, “menina nerd” ou “guria nerd” são termos específicos da cultura nerd, assumindo que o nerd default é um homem. Muitas vezes, garotas se tornam nerds por influência dos amigos homens ou do namorado.)
Dessa forma, é fácil englobar várias pessoas muito diferentes entre si na mesma categoria, como os dois personagens que descrevi acima. Mas, mesmo assim, vários nichos nerds se mantêm afastados, e um “nerd gamer” (que gosta de video games) pode não ter nada a ver com um “nerd trekkie” (que gosta de Star Trek), tendo cada um seus ciclos de amizades nerds. Porém, o que observo é que esses ciclos possuem múltiplas interseções entre si, e mesmo que algum nerd do grupo dos jogadores de RPG não tenha outro ciclo de amizades, há alguns que também jogam video game ou gostam de cinema de aventura ou curtem quadrinhos, e eles andam por vários ciclos diferentes do que se pode chamar a “nerdosfera”.
Esta nerdosfera é ampla e, assim como aprendemos em Antropologia que nenhum indivíduo consegue esgotar toda o arcabouço de conhecimento de sua própria cultura, nenhum nerd consegue abarcar tudo aquilo que se considera assunto e interesse dos nerds. Mas há certos símbolos que, mesmo não sendo do gosto de um ou outro nerd específico, são reconhecidos como “assunto nerd”.
Dois exemplos notáveis são os universos de Star Trek e o de Star Wars (confira um comparativo básico entre as duas franquias neste texto). É difícil encontrar um nerd que não goste de ambos, mas é muito fácil achar aqueles que colecionam produtos e informações de um deles, conhecendo superficialmente ou ignorando totalmente o outro. Ou seja, um trekkie inveterado que não gosta de Star Wars vai reconhecer um fã dos jedi como um nerd.
Por exemplo, numa reunião de trabalho que envolveu colegas de todo o Brasil, notei que o colega sentado ao meu lado estava lendo mangás no computador. Mesmo eu não sendo um fã nem colecionador de mangás, eu o reconheci na hora como um nerd. Quando ele comentou o vídeo que eu estava vendo no meu notebook (uma prévia do video game Marvel vs. Capcom 3), e quando o assunto chegou em Star Wars, ele se referiu a nós dois como “crianças crescidas”, e eu usei o termo nerd, que ele também reconheceu como uma nomeação válida.
A ilustração abaixo, editada a partir da imagem do mascote do site Jovem Nerd, mostra vários desses símbolos:
A tendência, para quem já tem certos gostos e passa a integrar a “comunidade nerd” (que nem sempre é reconhecida por esse nome, mas tem seus equivalentes em todo lugar) é conhecer outras coisas dessa “cultura”, a partir de indicações e referências. Em minha experiência, por exemplo, tive acesso a gibis, a video games, a filmes, a livros etc. que não conhecia e que passaram a fazer parte de meu repertório.
O estereótipo se impõe de tal forma que o “iniciado” se sente impelido a procurar e a cultivar gostos tidos como de nerd, e a demonstrar essas preferências aos outros, assumindo uma identidade (usando, por exemplo, camisetas como as da RedBug ou da Nerdstore). A assunção do termo nerd como parte da identidade é uma prática bem recente, mas pessoas de uma geração anterior faziam o mesmo sem esse nome, e elas até se negam a se chamar assim. Mas a interação dessas gerações mostra que os mesmos gostos e a mesma forma de apreciar esses gostos são compartilhados.
Mas, então, o que faz do nerd um nerd? O que há em comum entre os filmes de space opera, a literatura fantástica, os quadrinhos e os video games?
[Continua na parte 2…]
13 comments
Como o Jovem nerd disse uma vez: "o nerd não é nerd pelo objeto que ele gosta, mas do JEITO que ele gosta, é mais por atitude" (adaptado). Sendo assim, há mais nerds do que se pensava, e até aquele senhorzinho que coleciona garrafas de cachaça pode ser um nerd, mesmo sem se PARECER com um. A coisa pejorativa do nerd babacão é muito mais americanizada do que qualquer outra coisa, penso que é uma forma de controle social, até. "Pessoas diferentes, não! queremos todas as ovelhinhas no nosso pasto, iguais".
@Dyego,
Concordo em parte.
Sabe aqueles intelectuais que produzem uma arte baseada numa ideia ufanista que chamam de "cultura popular"? E depois ficam buscando os "autênticos artistas populares", que se mantêm fiéis às suas "raízes"? Esses "artistas populares" muitas vezes nem sabem o que significa "cultura popular".
É mais ou menos o que você disse. Muita gente é "nerd" sem saber, sem conhecer o termo, pois detêm certas características comuns aos autodenominados nerds.
Então eu penso que é preciso diferenciar 3 coisas: 1) o nerd da escola norte-americana, que é o diferente excluído; 2) o nerd do qual estou falando neste texto, que é uma espécie de tribo urbana que usa a palavra nerd como identidade; 3) e os "nerds que não sabem que são nerds", que na verdade só o são porque há algum outsider que os nomeou assim.
Como 'nerd' assumido, aguardo ansiosamente pela parte 2… Mas sou um 'nerd' dos anos 80, daquela geração VHS (minha primeira coleção, tomada pelo mofo depois que o JVC quebrou!) e descobridora das coisas pelos documentários de antes do 'boom' das TVs pagas! Fui viciado em Atari (tenho até hoje e só não jogo porque as torres dos 'joysticks' quebraram!), adorei Nintendo até o SuperNess, depois achei tudo muito complicado e chatamente rápido demais, a cada dia algo inovador me fazia sentir um zero à esquerda tecnológico – assim não me criei o 'nerd' tecnólogo, só no suficiente para meu prazer (baixar vídeos no PC, ver meus 'blue-rays' no 'home theater', mas sem saber muito sobre LEDs, LCDs, HDMIs da vida…)!
Outra coisa engraçada: estás certo quanto ao CDF (fui um e era popular, apesar de alguns,que não me conheciam bem, terem inveja, achando-me convencido ou metido a intelectual, o que eu não era – depois descobri que sou intelectual por natureza, porque consumo e produzo muito para o intelecto, sem isso me fazer alguém melhor que ninguém!) e quanto ao "binômio" Star Trek/Star Wars! Antes da patacoada do Lucas com sesu episódios I, II e III (até hoje me pergunto pra que eles foram feitos…) e das intermináveis releituras e tripulações e seriados do pessoal da Enterprise, via somente os filmes do Cinema de Trek, mas consumia tudo de Wars! Tanto que, em meio aos meus "bonequinhos" (ou 'action figures', pra ninguém me chamar de bobalhão infantil!), há um monte da série clássica de Lucas e somente um Dr. Spock (e além disso, o desse novo filme, vivido por aquele ator do Heroes: meio exagerado e jovenzinho esse novo longa, mas manteve a estrutura mágica da série, não achaste?!)!
E, ao contrário de você, não vi muita graça quando uma parte da minha geração começou a jogar RPG: achei tudo muito bobo (com todo respeito), especialmente quando a coisa toda enveredou para esses 'geeks', viciados ao ponto de quererem ser seus personagens, fantasiando-se e se exibindo como 'freaks' em cinemas e 'shopping centers'… Dá-me medo, por exemplo, essa legião de adoradores de personagens insossos como os vampirinhos metrossexuais deCrepúsculo: o significado de 'nerd', com essa geração, enfraqueceu a magia de ser aquele colecionador inteligente, de bonecos, livros e revistas, e sábio usuário de um universo de linguagens próprias, mas que possuía sua identidade! Hoje me parece serem todos uns teleguiados pelo próximo modismo a copiar e imitar à exaustão (primeiro foi a redescoberta de Tolkien, com os ótimos filmes do Jackson; depois, a tolice fraquinha dos bruxinhos de Potter; por último, esses vampiros "do século XXI" sem carisma em estórias sem talento que vendem feito água… Ser um 'nerd' realmente mudoumuito…
Bom, 'that's all, folks': meu resto de comentários 'nerds' retornam na seqüência de teu ótimo texto! Que venha "O que faz do nerd um nerd 2 – A Missão"!
Abração, meu caro! E volte aos Morcegos…
@Dilberto,
Seu comentário me proporcionou um insight. Nossa geração, dos anos 80, são hoje um modelo de nerd, produto de uma certa cultura presente em nossa infância que acabou criando certos gostos e tendências e uma identidade, digamos, "acabada" na adultidade (afinal, ninguém pensava nessa identidade, muito menos num nome – nerd – quando éramos crianças).
Um outro tipo de nerd é uma geração mais nova, hoje adolescente, que se assumiu "nerd" mais cedo do que a nossa, e se alimenta de uma indústria que produz para esse público alvo. E pelo fato de ser uma indústria, a qualidade se dilui. São poucos os "neonerds" que descartam a parte ruim desta indústria e apreciam o que se produz de bom (tanto coisas antigas quanto novas) em Literatura, Cinema, Quadrinhos etc. A maioria está, como você bem diz, seguindo uma moda.
Os nerds de nossa geração são, como você bem lembrou, os perscrutadores, para quem colecionar era (e continua sendo) um desafio (a busca por desafios, aliás, é um dos aspectos que considero marcantes nos nerds, mas isso fica para a segunda parte do ensaio…).
Quanto aos video games, também tive um Atari, e depois os consoles da Sega (Master System e Mega Drive). Depois disso fiquei anos sem contato com consoles, contentando-me com alguns jogos do PC, e acho que pela mesma razão que você. Não via graça nas novidades em 3D, era informação demais num jogo só… mas comecei a me encantar com as novas gerações de games depois que joguei Guitar Hero, no Playstation 2, e alguns anos depois adquiri um PS3. Percebi então que há uma variedade enorme de tipos de jogos, inclusive muitos jogos à moda antiga (especialmente este ano, que está fervilhando de games nostálgicos, que têm um apelo muito maior aos gamers adultos, ou seja, os nerds que cresceram jogando nos consoles de 8 e 16 bits).
Dito tudo isso, dou-me conta agora que meu pai é um nerd tecnólogo. Ele foi uma das primeiras pessoas em Caicó/RN a ter um vídeo-cassete, e desde há muito mexe com computador (o saudoso MSX). Foi o primeiro funcionário da agência do BB em que trabalhava a usar um PC e ajudou a implantar a informática na empresa.
Outra que agora não pode dizer que não é nerd é minha adorada Inês Mota, que sempre foi de vasculhar sebos atrás de preciosidades literárias e musicais, nunca se contentando com os best-sellers tão insossos e fáceis de conseguir.
Hoje em dia toda a cultura nerd "clássica" está fartamente disponível, Star Wars, Star Trek (se bem que eu tenho tido que recorrer a pesquisas no eBay para conseguir as temporadas que não foram lançadas no Brasil… é, parece que sou nerd também), seriados japoneses (Jaspion e derivados), novas edições de livros e relançamentos de HQs etc. Há muita gente consumindo estes produtos sem saber o prazer que é ir atrás de coisas fora do mainstream (não que só haja best-sellers ruins, mas a maioria é medíocre), ou o que outrora se costumava chamar de cult (será este um sinônimo de nerd?).
Quanto a Star Trek, já que perguntou, veja minha resenha sobre o novo filme neste link. A propósito, você cometeu um gravíssimo pecado ao chamar o Sr. Spock de "Dr. Spock"! Espero que tenha sido um escorregão do dedo ao digitar, considerando que o D fica ao lado do S no teclado… 🙂
Sobre o RPG, considero um ótimo exercício de criatividade, mas essa onda de cosplays (derivados, acho, da modalidade live action do RPG) parece ser mesmo um meio de aparecer, de chamar atenção, e não é à toa que a maioria dos adeptos sejam adolescentes, mais preocupados com as relações sociais e com a popularidade (o que contradiz totalmente o conceito de nerd) do que com aprender alguma coisa com as obras que inspiram suas fantasias.
Abração, e nos vemos no próximo episódio, neste mesmo batblog…
P.S.: estou sempre visitando Os Morcegos, sempre lendo tudo, só não tenho comentado muito (quase nada… aliás, coisa nenhuma…), mas estou lá. Vou procurar comentar mais, amiguinho. 🙂
Adorei esse texto e quando estava lendo-o meu filho de 10 anos sentou-se ao meu lado e acompanhou minha leitura que estava sendo feita em voz alta. Interessante que sempre as pessoas comentam que ele é uma criança 'timida' ou 'retraida', o que concordo em parte. Mas sempre o achei com cara e jeito de nerd… Agora mais ainda, pois quase tudo que aparecia nesse texto como o estilo de jogo RPG ou palavras de super herois ou pesonagens desconhecidos, ele me corrigia fazendo a leitura 'correta'- meu inglês é péssimo!
Ele adora Star Wars, o senhor dos anéis e toda literatura que diz respeito a mitologia grega e extraterrestres. Bem, se tenho um nerd em casa, naõ sei. Mas sei que adoramos saber sobre as coisas que vc falou sobre NERDS- ele também leu e continua aqui do meu lado, corrigindo meus erros de português! AFF!!!
@Werner,
Concordo com você. Aliás, parte do que você disse está dito na segunda parte:
http://teianeuronial.com/o-que-faz-do-nerd-um-ner…
Vi uma coisa ontem que me deu mais informação sobre as diferenças entre as tribos. Primeiramente, devemos lembrar que o termo "nerd" é americano e uma provável explicação para a sua origem fala de um grupo de jovens específico que estudava no Northern Electric Research and Development (NERD)do MIT. Apesar de sua origem estar ligada a "pessoas inteligentes", o termo era usado para descrever pessoas diferentes, que não se encaixavam nos outros grupos sociais. Pessoas que tinham gostos estranhos em comum, algo mais ou menos assim. Uma amostra disso é uma passagem de um dos episódios do "Todo mundo odeia o Chris", acho que é o primeiro episódio. Quando ele explica a que grupo pertence, ele aponta vários e separa o "grupo dos inteligentes" do "grupo dos nerds", no qual ele se incluiu. Acho que o que caracteriza uma nerd é mais seus tipos de gostos e a sua dedicação acima da média por esses gostos. Por exemplo, se gosto de ir ao cinema, eu não sou nerd. Se eu gosto de pesquisar sobre todos os detalhes desde a produção, roteiro… de um certo tipo de filme e sempre estou buscando mais informação sobre isso a ponto de me tornar um expert, por hobby, então provavelmente eu sou nerd. No meu caso, não me dedico imensamente a nenhuma área, mas praticamente toda a minha diversão se concentra em algo ligado ao "mundo nerd" mais conhecido: quadrinhos, cinema, games, desenhos e RPG (esse, mais antigamente, mas só porque requer mais tempo e organização). Eu mesmo já passei pela situação de ser altamente malhado por ler quadrinhos e assistir desenhos animados, sendo adulto, a ponto da brincadeira ficar chata, e depois, anos depois, virem me dizer como o filme do Homem de Ferro é bom! Acho que o preconceito que existia antes era, que grande surpresa, desconhecimento. Nos últimos três anos, dividindo apartamento com um colega do doutorado, descobri bem a diferença. Eu sou nerd, ele não. Apesar dos dois fazerem doutorado. Hoje esse "submundo" tá mais difundido e todo "cu sujo" quer ser nerd pra dar uma de inteligente. Tá na moda.